segunda-feira, 7 de julho de 2014

Papa preside Missa para vítimas de abusos sexuais

O Papa presidiu, nesta segunda-feira, 7, no Vaticano, uma Missa com a presença de um grupo de vítimas de abusos sexuais por parte de membros do clero. Após a Celebração, o Santo Padre os recebeu pessoalmente na Casa Santa Marta, em um encontro reservado de mais de três horas.
Segundo o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, a celebração ocorreu no início da manhã e o grupo foi formado por seis pessoas, três homens e três mulheres, provenientes da Alemanha, Irlanda e Grã-Bretanha.
Na Missa, esteve ainda presente o cardeal Sean O’Malley, arcebispo de Boston (Estados Unidos da América) e membro do conselho consultivo de oito cardeais criado pelo Papa para o ajudar na redação de uma nova constituição do Vaticano.
O responsável é o coordenador da comissão instituída por Francisco para a proteção de menores, da qual é integrante a irlandesa Marie Collins, que foi vítima de abusos quando criança.
As seis pessoas convidadas pelo Papa Francisco chegaram ao Vaticano, neste domingo à tarde, e jantaram na Casa de Santa Marta, onde foram cumprimentadas pelo Pontífice, adiantou o padre Lombardi, em coletiva de imprensa.
Todo o grupo almoçou e depois cada uma das vítimas esteve pessoalmente com o Papa, no primeiro encontro do gênero neste pontificado.
O Papa emérito Bento XVI encontrou-se com vítimas de abusos nas suas viagens aos Estados Unidos da América, Austrália, Malta, Reino Unido e Alemanha.
Homilia do Papa
Na Missa, o Papa Francisco condenou os “atos execráveis” de abusos sexuais perpetrados contra menores e pediu perdão às vítimas, afirmando que não há lugar na Igreja para membros do clero que pratiquem estes “crimes”.
“Perante Deus e o seu povo, manifesto a minha dor pelos pecados e graves crimes de abusos sexuais cometidos pelo clero contra vós e humildemente peço perdão”, declarou Francisco, na homilia da Missa a que presidiu na capela da Casa de Santa Marta.
Francisco afirmou que no ministério da Igreja não há lugar para que os cometeram estes abusos e diante dos presentes firmou um compromisso: “Comprometo-me a não tolerar a ninguém os danos infligidos a um menor, independentemente do seu estado clerical”. E pediu a colaboração de “todos os bispos” na proteção dos menores.
O Papa quis ainda pedir perdão pelos “pecados de omissão” dos líderes da Igreja que não responderam de maneira adequada às “denúncias de abuso” apresentadas por familiares e pelas próprias vítimas.
Cicatrizes para toda a vida
O Pontífice disse rezar para que a Igreja “chore” pelos que atraiçoaram a sua missão e “abusaram de pessoas inocentes”. “Há muito tempo sinto no coração a dor profunda, o sofrimento – oculto durante tanto tempo”, confessou o Papa, em relação às vítimas, falando numa “cumplicidade que não tem explicação”.
Esse silêncio foi contrariado por alguns que chamaram a atenção para “este crime e grave pecado” dos abusos sexuais com que “alguns padres e bispos” violaram a inocência de menores “e a sua própria vocação sacerdotal”.
“São mais do que atos reprováveis, é como um culto sacrílego, porque esses meninos e meninas foram confiados ao carisma sacerdotal para os levarem a Deus e eles sacrificaram-nos ao ídolo da sua concupiscência”, declarou.
Francisco realçou que estes atos deixaram “cicatrizes para toda a vida”, com muitos sofrimentos para as vítimas e suas famílias, chegando mesmo à “terrível tragédia do suicídio de um ser querido”. “As mortes destes filhos tão amados por Deus pesam no coração e na consciência, minha e de toda a Igreja”, assumiu o Papa.
Formação de novos padres
O Santo Padre prometeu vigilância na preparação de novos sacerdotes e disse contar, para isso, com o apoio da nova Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores, a fim de promover “as melhores políticas e procedimentos” neste campo.
“Faremos todos os possíveis para assegurar que tais pecados não voltem a acontecer na Igreja”, assumiu.
O Papa concluiu a homilia pedindo orações para que veja sempre “o caminho do amor misericordioso” de Deus e tenha a coragem de “seguir esse caminho pelo bem dos menores”.
Tolerância zero
O Papa Francisco, no voo entre Telaviv e Roma, no dia 26 de maio, disse que a Igreja Católica vai manter uma política de ‘tolerância zero’ em relação a casos de abusos sexuais.
“Nesse momento, há três bispos sob investigação e um já foi condenado, faltando apenas avaliar a pena a aplicar. Não há privilégios”, declarou, acrescentando que este é “um problema grave”.
Francisco comparou os abusos a uma ‘Missa negra’ (satânica) para afirmar que “um sacerdote que faz isso trai o Corpo do Senhor”.
A Comissão Pontifícia para a Tutela dos Menores integra, além de Marie Collins, a francesa Catherine Bonnet, estudiosa de psicologia e psiquiatria; a inglesa Sheila Hollins, docente de psiquiatria; o jurista italiano Claudio Papale; a ex-primeira ministra polaca Hanna Suchocka; o jesuíta alemão Hans Zollner, decano da Faculdade de Psicologia da Universidade Gregoriana; o jesuíta argentino Humberto Miguel Yanez, diretor do departamento de Teologia Moral da Gregoriana e ex-docente no Seminário São Miguel de Buenos Aires.
Esse organismo reuniu-se, no domingo, e decidiu alargar a composição da comissão a elementos de outras áreas geográficas.

Fonte:http://papa.cancaonova.com/

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